Lógico q deve! Aí que está, eu estou tentando entender como é que aí tem tantos clientes que não dão tanta dor-de-cabeça (alguma sempre dá, mas eu digo tanta que não precisem de fato ser educados). Aqui, por outro lado, eu vou dar mais detalhes sobre como é.
O cara chega para mim e fala que quer “um sisteminha de pedidos, coisa simples”. Sempre o mesmo papo, “coisa simples, o + simples q vc imaginar” (sim, já me falaram isso). Bem, o + simples que posso imaginar, digamos, um denominador comum aos pedidos de uma farmácia, sorveteria ou siderúrgica, seria um pedido com data, cliente, itens, quantidades, valor unitário, total do item e total do pedido. Talvez alguma perfumaria, como observação, um espaço pra colocar o logo da empresa ou desconto.
Mas aí eu mostro pro cliente o tal do pedido simples e o cara me diz: “mas e o cálculo do frete? Tem que ter cálculo do frete! Quando o frete é dentro da cidade tem x% de acréscimo, quando é pra outra cidade eu cobro por distância em km”. Com vcs não acontece nada assim? Eu sei que acontece, e estamos ainda na fase de desenvolvimento, mas deixem-me continuar meu raciocínio.
Tudo que eu posso fazer é olhar no olho dele e dizer: “sim, mas vc não me falou o que tinha isso, pediu um pedido simples e só, não deu detalhe de nada”. Aí ele fica sem graça, e tenta se esquivar e enfatizar que o pedido tem que ter o tal do frete. Vcs vão me falar: mas vc está validando o primeiro modelo com o cliente, ele vai ter que falar onde não se encaixa. Mas (agora é opinião pessoal e sei que muitos discordam, mas eu insisto) ele não tem esse direito. Ele sequer explicou para mim o que ele precisa, como vai ter o direito de exigir? Esse exemplo é trivial, mas às vezes (quase todas) são regras de negócios complexas. E não, se eu tentar renegociar o preço pelo trabalho não previsto, ele não vai aceitar. (Os clientes de vcs aceitam? Já falei, mandem um currículo meu pra essa empresa!!)
O que me parece é que a mente da gente desta região aqui é tão fechada, mas tão fechada, que se na empresa do camarada que faz móveis o pedido tem o frete assim, assim e assim, ele acha que o pedido da padaria da esquina é a mesma coisa. Sequer passa pela cabeça do infeliz que cada firma tem uma realidade diferente, e são infinitas formas de se tocar uma empresa (muitas bem melhores que a dele, mas ele se fecha).
Acho que o cerne das nossas diferenças de opinião resume-se ao seguinte:
Minha visão = relação de igual para igual entre cliente e desenvolvedor. Sempre uma relação de troca e respeito ao ser humano. Ele não me pede coisas absurdas ou impossíveis e eu entrego um serviço de qualidade que satisfaça todas as suas necessidades, desde que haja tempo hábil para realizar o tal serviço. Se está fora do meu alcance, eu admito com humildade, mas não aceito pressão. Não só eu que preciso dele para ter trabalho, ele precisa do meu trabalho também. O cliente tem que ser comprometido em prestar ao desenvolvedor informações detalhadas sobre o funcionamento da sua empresa que ele quer ver no sistema. E se é inseguro e não sabe o que quer, sempre vai ver defeitos onde o desenvolvedor tenta ajudar.
A outra visão = o foco é sempre o que o cliente quer, não importa se ele exige que eu faça o ERP todo em 1 semana, quer que eu adivinhe o que ele necessite, ou precisa de um milagre mesmo. O cliente tem o direito de querer o que ele quiser e o desenvolvedor competente é hábil para satisfazer todas (não importa se é autônomo, trabalhe em uma empresa grande ou pequena). Existem técnicas para lidar com clientes dessa forma, que farão todos os clientes tornarem-se colaboradores assíduos sem virarem exigidores agressivos. Se houver falha de comunicação, o responsável sempre será o desenvolvedor (isto me cheira a servidão) que não soube atrair o cliente para a causa comum que é o sucesso do projeto.
O fato é que a cultura deste lugar é tão perniciosa (podem perguntar pq não me mudo daqui) que, se notam boa vontade na minha pessoa, aí que tentam levar vantagem mesmo. Acreditem se quiser!
[quote=sergiotaborda]Aqui está o problema. A primeira coisa a entender é que existem um conjunto de valores que são maiores que todos nós. Este valores geram principios ( receitas para acção do dia a dia).
…
É ai que entra a importância se estarmos falando de principios e não de metodologias[/quote]
Sim, mas parece que o pessoal da outra visão (que vc acha q é a mesma que a minha) quis levar para o lado de discutir os méritos de uma metodologia específica, ou conjunto de princípios, como queiram - no caso, o Ágil.
E outra, quando se fala em princípios, “agregar valor” e etc., só se pensa em satisfazer ao cliente e nunca a resguardar o prestador de serviços contra abusos cometidos por este. A velha cultura do “o cliente sempre tem razão”. O Cliente é o Princípio e o Fim!