[quote=Proteu Alcebidiano]Legal a exposição de tuas idéias. Uma pergunta:
Você colocou três figuras conhecidas lá do seu post (Wittgenstein, Dijkstra e Hegel)…fiquei curioso, porque críticos de cada um desses caras já os chamaram de estúpidos em algum momento de suas vidas
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Wittgenstein por achar que seu Tractatus iria resolver os problemas da filosofia;
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Dijkstra por ter intolerante em demasia com erros e coisas absurdas
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Hegel, er…por ter sido considerado um ‘assassino de mentes criativas por mais de um século’ por conta da influência dos seus escritos, colocados por muitas vezes como textos incompreensíveis.
Eles estão lá no seu texto de propósito ou tô viajando?
Abraço
T+[/quote]
Opa, que bom que gostou. Na realidade, estão de propósito mesmo (como eu os colocaria sem querer? ).
No caso, ainda bem que os três foram criticados. Aliás, isto não tira em nada o valor de cada um deles (na realidade, a crítica só aumenta). Se para ter valor, alguém tivesse de ser 100% aceito e jamais criticado ou chamado de estupido, possívelmente teriamos hoje como base teórica bem… nada!
Bem, mas vamos então por etapas: por que escolhi cada um deles (o próprio texto já diz, mas se for pra deixar mais claro, vamos lá!)
Wittgenstein (na realidade, foi o próprio Wittgenstein que criticou o Tractactus Logico Philosophicus. É por isto que dizemos existir dois Wittgensteins. O autor do Tractactus é o primeiro e o autor das Investigações Filosóficas é o segundo. Inclusive, o segundo vive detonando o primeiro e ESTE é o maior crítico do primeiro Wittgenstein) foi escolhido por ser o principal expoente da idéia por trás do determinismo linguístico ao extremo, ou seja, na linguagem como delimitação do mundo de um indivíduo.
Dijkstra: apenas por causa de sua citação sobre o BASIC. E também porque esta citação tem muito a ver com o conteúdo do texto. No final das contas, é uma crítica ao modo como iniciamos a nossa carreira de desenvolvedores, ou seja, uma crítica à educação, assim como a palestra da qual a citação foi extraída.
Hegel: por causa do método fenomenológico. Tentei reproduzir a mesma descrição fenomenológica que Hegel fez na “Fenomenologia do Espírito”.
Com relação a Hegel ser considerado fonte de atrasos por mais de um século, gostaria de saber sua fonte (fiquei realmente curioso), uma vez que ele é a base teórica por trás do Marxismo, Fenomenologia, Sociologia e boa parte da filosofia alemã após sua morte. Com relação a ser difícil de ler, bem: o próprio dizia que somente uma pessoa havia compreendido seus textos de verdade além de si próprio. Outro crítico forte do Hegel seria o Schopenhauer que, também, irônicamente, também possui sua influência hegeliana
No final das contas, os filósofos nunca estão 100% corretos ou 100% errados. Pessoalmente, os utilizo como pequenos “softwares” que me ajudam a compor meus raciocínios. Este texto é um bom exemplo. Aliás, repare que em momento algum uso o argumento da autoridade, isto é, em momento algum digo “isto é certo porque X disse isto”.
Usei o “software” Wittgenstein para ilustrar o conceito de determinismo linguistico (no caso, tanto o primeiro quanto o segundo Wittgenstein tratam do assunto).
O “software” Dijkstra (seria Dijkstra um filosofo?) para expor o problema da educação
E, finalmente, o “software” Hegel para expor um fato fenomenológico.