Estão infantilizando os desenvolvedores?

Já faz algum tempo que venho observando um comportamento muito destrutivo em diversas empresas de TI: a infantilização do desenvolvedor.
São coisas do tipo “oferecemos videogame, quadra de tênis, refrigerante de graça, máquina de café expresso, etc”, uma série de brinquedos e nada de foco no que realmente traria ganhos para o funcionário, como possibilidade de crescimento, desafios intelectuais, etc.

Externalizei esta minha sensação em um post no meu blog e gostaria de saber a opinião de vocês: http://www.itexto.net/devkico/?p=1460

Eu acho esse pacote de benefícios válido. Lógico que o desenvolvedor tem que estar atento para a empresa não ter isso como ÚNICO benefício. Um bom plano de carreira, máquinas adequadas e uma diretoria/gerencia preocupada com planejamento, são bem mais válidos.

Acho que vc pegou muito pesado, a opção de videogames, jogos é porque a enorme maioria de quem trabalha com ti também gosta de jogos eletronicos.
Aliás acredito que a maioria teve seu primeiro contato com computadores por causa dos jogos.

Concordo completamente com este trecho, mas a satisfação de um, pode ser diferente de outro. Não generalize benefícios “infantis” (como diz vc), misturando gosto desses benefícios com infantilidade ou falta de profissionalismo.
Eu particularmente nem ligo para essas coisas, e nem aproveitaria desses beneficios exemplificados no texto, mas mesmo assim sou a favor, pois trará satisfação para o funcionário, tanto como diversão naquele horário vago do almoço, como por orgulho da empresa por ter esses benefícios. Além disso, esse tipo de benefício, pode trazer mais união aos funcionários da empresa.

Não julgue as pessoas que gostam desses tipos de benefícios, como disse anteriormente, o cara pode gostar disso, mas ser totalmente profissional e saber a hora certa.
Se o cara aceitou o emprego por causa desses benefícios, e não sabe dosar as coisas, não é um bom profissional, a culpa é dele e não da empresa que deu o benefício.

Não sei se disse isso, pensando pequeno, apenas no seu exemplo de beneficios infantis na empresa, mas sou totalmente contra essa frase. “Felicidade surge naturalmente”. Pensando no ambiente de trabalho, não vou ficar de braços cruzados se ver algo errado, não vou deixar de trocar de emprego se vejo que esse não é o meu perfil, não vou aceitar qualquer emprego sem deixar de negociar coisas que me interessa.

Olha, essa realidade que “infantiliza” o programador está bem longe da realidade daqui da região Sul. Talvez algumas startups contem com umas estrutura do tipo, mas de resto é a velha realidade de sempre.

Aqui onde estou estagiando mesmo, nem máquina de café tem direito. A maioria das vezes não tem café, e quando tem é ruim.

Vejo mais esse tipo de “benefício” como uma forma de mexer com a cabeça do colaborador, como uma tática de retenção.

Essa questão de montar um playground dentro da empresa não é artimanha de quem precisa desesperadamente de profissionais. Empresa que eu conheço que tem essas áreas recreativas: Google, Microsoft, Facebook e Yahoo.

Agora pergunta se é fácil entrar em uma empresa dessa. Usam isso justamente pra relaxar os funcionários, e não pra “atrair” novos colaboradores. Só entra nesse tipo de empresa quem realmente tem conhecimento e potencial. Eles fazem isso justamente pra pegar os bons, apresentam isso como atrativo para bons profissionais.

Esse negócio de várias salas temáticas, videogame, playground e mesa de sinuca é típica destas grandes empresas, que tem ótimos colaboradores disputados pela concorrência. É tática pra manter colaboradores na empresa.

Eu acho uma boa ter uma sala de “descompressão”, algo pra você sair 10 minutinhos da frente do PC e poder tomar um café, trocar uma idéia com pessoas de outros setores que não o seu. É muito válido, acaba criando a cultura de um ambiente menos “carregado”, acaba tornando a empresa mais aconchegante.

E mais: nenhuma empresa pode se basear nesse tipo de benefício pra negar pedido de colaborador ou utilizar isso como defesa. Benefício é o que está relacionado na CLT.

Enfim, se a empresa tem bons produtos e serviços e produz de modo a satisfazer as metas, porque não proporcionar esse tipo de ambiente ao colaborador?

Gosto muito dos seus posts kicolobo, muito mesmo. Você escreve de modo que o leitor se identifica e repara em alguns aspectos da nossa área que as vezes nem são notados. Mas esse texto ficou meio carregado de certa tendenciosidade. Você tem seu modo de trabalhar, talvez sua concepção da relação empregador x empregado seja mais conservadora do que essa revolução que se vê ultimamente. Mas foi muito válida a discussão que você lançou. É um assunto que certamente levanta opiniões divergentes.

:wink:

Oi pessoal, visões interessantes: realmente este é um post mais carregado.

Na realidade, sou a favor deste tipo de benefício dentro das empresas.
Mas o que observo demais ocorrer ao menos aqui em Belo Horizonte e em diversos relatos é uma postura bem do tipo: playground no lugar de benefícios reais. E pior: vejo salários menores sendo oferecidos justamente por que a empresa oferece este tipo de benefício.

De fato, se o clima esta ruim você ficar sentado de braços cruzados não adianta nada. Mas ainda pior é algo que também tenho visto muito por aqui: uma verdadeira banda de RH tocando “somos felizes” quando na realidade não são. E pior: usando este tipo de benefício que mencionei anteriormente como defesa para não fazer absolutamente nada. Quando digo que a felicidade é algo que surge naturalmente, é porque realmente surge naturalmente. Quando vocÊ está bem, não fica por aí dizendo para todos “estou bem, vejam, estou bem! Ha ha ha! Estou ótimo!!!”. Não, você simplesmente está bem.

Com relação à infantilização, vi isto em alguns relatos durante meu TCC: é exatemente o que ocorre. Você popula sua empresa com gente o mais infantiliada possível para tornar a massa mais fácimente maleável e colocar a postura do tipo “cala a boca que o adulto tá falando aqui”.

[quote=kicolobo]Oi pessoal, visões interessantes: realmente este é um post mais carregado.

Na realidade, sou a favor deste tipo de benefício dentro das empresas.
Mas o que observo demais ocorrer ao menos aqui em Belo Horizonte e em diversos relatos é uma postura bem do tipo: playground no lugar de benefícios reais. E pior: vejo salários menores sendo oferecidos justamente por que a empresa oferece este tipo de benefício.

De fato, se o clima esta ruim você ficar sentado de braços cruzados não adianta nada. Mas ainda pior é algo que também tenho visto muito por aqui: uma verdadeira banda de RH tocando “somos felizes” quando na realidade não são. E pior: usando este tipo de benefício que mencionei anteriormente como defesa para não fazer absolutamente nada. Quando digo que a felicidade é algo que surge naturalmente, é porque realmente surge naturalmente. Quando vocÊ está bem, não fica por aí dizendo para todos “estou bem, vejam, estou bem! Ha ha ha! Estou ótimo!!!”. Não, você simplesmente está bem.

Com relação à infantilização, vi isto em alguns relatos durante meu TCC: é exatemente o que ocorre. Você popula sua empresa com gente o mais infantiliada possível para tornar a massa mais fácimente maleável e colocar a postura do tipo “cala a boca que o adulto tá falando aqui”.[/quote]

De fato são realidades diferentes. Aqui no Sul a postura é bem madura quanto a funcionários. Não se tenta ganhar o cara com brinquedinhos.

Aqui onde trabalho o salário não é lá aquelas coisas, mas em compensação a empresa dá vários benefícios: Temos o maior vale alimentação entre as empresas da cidade, temos descontos em mais de 30 estabelecimentos comerciais e de ensino, temos seguro de saúde e de vida, convênio com instituições bancárias tanto pra abertura de contas como pra empréstimos.

Acho que esse tipo de benefícios realmente é benéfico. Gasto pouco do meu dinheiro do salário com alimentação(moro com meus pais), e uso quase todo final de semana meu vale alimentação pra sair e comer algo com minha namorada.

Nao vivo essa realidade, trabalhei em uma empresa soh que tinha video-game, mas era tranquilo, foi um funcionario que levou o video-game e não é divulgado como benefício.

Com essa realidade kicolobo, com certeza a situação é triste, empregadores explorando cada vez mais os funcionários, e aproveitando da massa jovem e inexperiente que está nosso mercado atualmente, sendo a maioria (acredito eu) com faixa de 20 a 30 anos de idade.
Realmente, com essa realidade que vc está dizendo, é decepcionante ver o mercado de trabalho assim. Já não basta abuso de trabalho com salários não equivalentes, agora mais essa.
De qualquer forma, não vejo que o benefício seja inválido, mas sim da forma que está ocorrendo.

O que acho mais perigoso neste tipo de situação é que ela alimenta enormemente a possibilidade da ocorrência do assédio moral, porque basicamente desarma o funcionário, que ao levantar a voz é confrontado com o seguinte contra-argumento: “veja o ambiente de trabalho que te oferecemos? Tem certeza de que se sente mal aqui?”

Muitas vezes nem é má intencionada a coisa: ocorre por despreparo mesmo. Gente desesperada que acha que resolve os problemas a partir da infantilização.
No livro “Mal Estar no Trabalho” da Marie France Irigoyen (acho que é assim que se escreve o nome) há casos mais ou menos nesta linha, e recebi relatos assim também.

Isso aí (de oferecer videogame, chocolate, refrigerante) não começou com o Google, em seus escritórios? A partir de então acho que as outras empresas foram copiando a fórmula…

Sempre achei que o objetivo disso era fazer o pessoal ficar mais tempo no escritório.

Hoje em dia vende o seu peixe quem tem mais criatividade…
Qual o problema em oferecer esse tipo de coisa?

Acredito que o que não pode é virar bagunça por âmbos os lados pois
além de ter pessoas que podem ficar morcegando, seria meio incoerente
querer manter o empregado por muito tempo na empresa para compensar as horas que estão
faltando porque ele ficou muito tempo jogando vídeo game, quando na verdade
outrora ele poderia estar com sua família, amigos, etc.

Aposto no fato de hoje ter que inovar e para isso valendo sim alguns benefícios
mas levando em conta maior trabalhar a auto-disciplina da pessoa.

Abraço.

Eu estou completamente aquém ao mercado de trabalho porque tem uns 5 anos que estou em uma empresa, mas minha opinião referente a esse tópico é a seguinte:

Mesa de ping pong, vídeo game, sala de descanso não devem ser encaradas como benefício. Se uma empresa me falasse uma coisa dessas me sentiria ofendido. Veja bem, benefícios são coisas que agregam na vida pessoal do funcionário.
Esses artifícios são investimentos no capital da empresa e não no funcionário ao meu ver, longe então de poder ser chamado de benefício.

[quote=kicolobo]Oi pessoal, visões interessantes: realmente este é um post mais carregado.

Na realidade, sou a favor deste tipo de benefício dentro das empresas.
Mas o que observo demais ocorrer ao menos aqui em Belo Horizonte e em diversos relatos é uma postura bem do tipo: playground no lugar de benefícios reais. E pior: vejo salários menores sendo oferecidos justamente por que a empresa oferece este tipo de benefício.

De fato, se o clima esta ruim você ficar sentado de braços cruzados não adianta nada. Mas ainda pior é algo que também tenho visto muito por aqui: uma verdadeira banda de RH tocando “somos felizes” quando na realidade não são. E pior: usando este tipo de benefício que mencionei anteriormente como defesa para não fazer absolutamente nada. Quando digo que a felicidade é algo que surge naturalmente, é porque realmente surge naturalmente. Quando vocÊ está bem, não fica por aí dizendo para todos “estou bem, vejam, estou bem! Ha ha ha! Estou ótimo!!!”. Não, você simplesmente está bem.

Com relação à infantilização, vi isto em alguns relatos durante meu TCC: é exatemente o que ocorre. Você popula sua empresa com gente o mais infantiliada possível para tornar a massa mais fácimente maleável e colocar a postura do tipo “cala a boca que o adulto tá falando aqui”.[/quote]

Muito disso vem da cultura que a gente têm do “ouvi dizer”. Isso acontece em muitas empresas, por causa da falta de preparo dos gerentes e administradores: o velho foco na prática e não nos princípios.

Quem começou com isso, começou pensando em criar um ambiente legal pro pessoal, fazer com que quem trabalha se sinta em casa, porque assim produz melhor. E comprovadamente produz melhor, basta ver o resultado de empresas que focam de fato no bem estar de seus funcionários.

Mas a maioria dos diretores/gerentes/administradores só reagem a estímulos, quando muito, quase nunca estudam antes de tomar uma decisão, fazem tudo na tentativa e erro ou em experiências próprias anteriores. Não se atualizam e sequer se dão conta que precisam, pois já têm assinatura de alguma revista de “Seja Executivo de Sucesso”. Vêm quase que invariavelmente de uma cultura “coronelista”, de hierarquia rígida, em que os superiores mandam e os inferiores obedecem incondicionalmente.

E nessas revistas de “Seja Executivo de Sucesso” lêem sobre o que empresas de ponta fazem para o bem estar de funcionarios, respeito, comodidades, mas sem todo o contexto em que está o significado disso. Então acham que pondo alguns puffs com video-game e uma festa de fim de ano estão fazendo pelos “colaboradores” tudo que é possível para que eles se sintam felizes e produtivos como aqueles do exemplo descrito na “Seja Executivo de Sucesso”.

E com tudo isso acham que seus funcionários têm que obedecer, pois afinal estão lhes dando uma série de benefícios, igual ao Google.

isso sempre existiu em grandes agências de marketing e publicidade…

isso não chega a ser um beneficio, eu considero um combustivel essêncial para despertar a criatividade.

agora…não adianta trabalhar em contradição, ter um ambiente desses, e não ter possibilidade de usar sua criatividade, trabalhando com cruds Ever, Ever, Ever… ai sim o cabra vai ficar descontente demais.

Se formos analisar no geral esse tema, o que prevalece é o fator de
a pessoa estar onde ela se sinta melhor, ou seja independentemente de
benefício, lazer e etc, o bacana é a pessoa procurar uma empresa onde
ela se sinta bem e realizada.

Abraço.

[quote=JavaDreams]Se formos analisar no geral esse tema, o que prevalece é o fator de
a pessoa estar onde ela se sinta melhor, ou seja independentemente de
benefício, lazer e etc, o bacana é a pessoa procurar uma empresa onde
ela se sinta bem e realizada.

Abraço.[/quote]
Cara, mas convenhamos, eu me sinto bem melhor ganhando um salário justo e podendo adquirir todos esses brinquedos para usar em casa.
A justificativa “muitos profissionais da área gostam de games e eletrônicos” é falácia. Todas as áreas possuem profissionais que gostam, haja visto que a indústria dos games é multibilionária e a de eletrônicos, nem se fala.
Outro ponto que está ressaltado no post é a questão do crescimento profissional. Nunca vi nenhuma empresa aplicar de forma coerente o que eles chamam de plano de cargos e salários.
O que tem funcionado é o bom e velho “tenho uma proposta melhor”.
Claro que as minhas experiências me levam a ver desta forma, mas, sinceramente, se for para viver de pão e circo, prefiro pegar o bolsa qualquer coisa do governo, assim nem esquento em trabalhar…

Eu trabalhava em uma grande “fábrica de software” onde uma certa época começaram a anunciar que colocariam a tal Sala de Descompressão, algo pra você sair 10 minutinhos da frente do PC e poder tomar um café, trocar uma idéia com pessoas de outros setores que não o seu.

No final foi montado um cubículo ao lado da recepção com alguns banquinhos (desses altos, sem encosto). A porta ficava fechada e a localização estratégica para se poder ver quem está lá dentro. Em resumo, havia uma lei silenciosa que proibia os funcionários de ficar nessa sala.

Acho que algo parecido pode acontecer nesses lugares com cultura totalmente tradicionalista que resolvem colocar video-games para atrair funcionários.

Eu não ia responder, pois penso que estas discussões sempre vão terminar em “linux x windows”.
Claro que uma empresa não precisa ser sisuda, mas esta idéia de comercial de cerveja, onde há descontração, piadas e tudo mais é uma posição questionável. O objetivo de qualquer empresa privada é o lucro. Ponto. Lucro, entre outras coisas, significa dedicação ao trabalho. Dedicação requer tempo e tempo em trabalho é diferente de tempo jogando games.
Eu tenho plena convicção que ninguém poderá jogar enquanto o projeto estiver atrasado. E daí voltamos às práticas das fábricas de software, horas extras e turnos dobrados (ou triplicados).
Nem em empresas onde a criatividade e a visão criativa é fundamental, como em publicidade e criação de brinquedos, as coisas são como em Neverland (não a do Michael, a do Peter Pan).
Até acredito em empresas onde não há rigidez no controle de ponto, você entra e/ou sai a hora que quer, desde que cumpra as horas do mês. Empresas onde há vários benefícios bons, como convênios que incentivam o bem estar físico e mental. Mas sempre desconfio quando o(s) único(s) atrativo(s) é(são) este(s). (Por alguma razão, empresas assim me lembram a telexfree…)

Eu trabalhava em uma grande “fábrica de software” onde uma certa época começaram a anunciar que colocariam a tal Sala de Descompressão, algo pra você sair 10 minutinhos da frente do PC e poder tomar um café, trocar uma idéia com pessoas de outros setores que não o seu.

No final foi montado um cubículo ao lado da recepção com alguns banquinhos (desses altos, sem encosto). A porta ficava fechada e a localização estratégica para se poder ver quem está lá dentro. Em resumo, havia uma lei silenciosa que proibia os funcionários de ficar nessa sala.

Acho que algo parecido pode acontecer nesses lugares com cultura totalmente tradicionalista que resolvem colocar video-games para atrair funcionários.[/quote]
Sala de descompressão eu vi em duas empresas, citarei os nomes pois acredito que vale a pena ressaltar isso: O Boticário e GVT.
Quando eu trabalhava com suporte técnico das franquias do boticário, havia uma sala de descompressão fantástica, tv, poltronas que eram melhores que minha cama e um ambiente totalmente isolado, um andar à parte de toda a balbúrdia e caos do suporte.
Na GVT a sala ficava no primeiro andar, próxima a lanchonete. Sala ampla, com puffs e estofados aconchegantes, onde se podia tirar um cochilo e realmente descomprimir.
Sei que são exceção, mas eram muito boas, simplesmente por fazer parte da cultura da empresa.