29 de agosto de 2008
Mão-de-obra desqualificada
A área educacional de TI está tentando modificar esse quadro no Brasil
Por Bia Brandão
As portas estão abertas e as vagas sempre surgem, então qual é o problema que os profissionais do Brasil enfrentam relacionado à colocação no mercado? Tal questão é respondida pelas dificuldades de base: o sistema educacional raramente os prepara de forma adequada. E escassez de mão-de-obra qualificada é a conseqüência desta realidade. Segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), somente 18% dos trabalhadores que buscam emprego no país têm algum tipo de qualificação, o que eleva para 7,5 milhões o número de trabalhadores sem experiência buscando trabalho no Brasil.
Um setor que se destaca por enfrentar essa problemática também é o de tecnologia, que possui as mesmas dificuldades com os profissionais que não foram educados adequadamente, principalmente em disciplinas como matemática e português. De acordo com Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assepro) há um déficit de 100 mil profissionais capacitados para trabalhar no desenvolvimento de softwares. A qualificação desses não é compatível com a necessidade atual do mercado.
Há números alarmantes para esse quadro, pois cerca de 61% dos estudantes que se matriculam em cursos ligados à área de tecnologia da informação desistem antes de terminá-lo. Um dos motivos para isso é que o Brasil não está apto para absorver a mão-de-obra altamente qualificada. Por isso que mestres e doutores tendem a ir para outros países mais avançados em relação à indústria de tecnologia.
Porém, as empresas aqui instaladas que estão não só preparadas, mas com necessidade ímpar de profissionais qualificados, enfrentam dificuldades na expansão de seus negócios. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-Nacional), Ralph Arcanjo Chelotti, a desqualificação dos trabalhadores no Brasil é o mais evidente reflexo de graves problemas estruturais nos modelos educacionais adotados no País. ?As instituições de ensino não formam pessoas com qualidade ou, muitas vezes, formam profissionais despreparados para determinadas realidades econômicas e sociais que o País atravessa?, afirma.
Quando as empresas contratam profissionais devem procurar investir maciçamente em sua qualificação, pois poderão suprir esta lacuna educacional e adequá-los de acordo com a sua demanda de trabalho. A má qualidade da formação afeta não só a competitividade do País, mas também programas voltados para a redução da exclusão social, por isso a importância da adequação profissional e empresa.
Para minimizar esse efeito e reverter este quadro, a ABRH-Nacional decidiu estimular as empresas a investirem mais em qualificação de pessoal, e encaminhou uma proposta de projeto de lei ao Ministério do Trabalho e Emprego recomendando que as companhias sejam auxiliadas a investir em qualificação de profissionais por meio do abatimento de parte desses investimentos no Imposto de Renda a pagar.
Paralelamente, a área de TI investe para que, daqui pra frente, o setor vivencie outra realidade no Brasil. O Instituto Infnet, centro de educação voltado para s áreas de TI e Design, é um exemplo que possui muitas iniciativas para enquadrar os profissionais às exigências. Segundo o diretor acadêmico do Instituto, Eduardo Ramos, está havendo um maior empenho das escolas e ele já vê técnicos de alto nível, inclusive sendo contratados no exterior. ?Acredito que temos criatividade e empreendedorismo de sobra para dar conta de melhorar a formação da mão-de-obra no país. Creio que está havendo uma melhora gradual, cujos resultados serão mais sentidos ao longo dos próximos anos?, acredita o diretor.
Para isso, o Infnet tenta alcançar este propósito com três tipos de cursos: as formações, os cursos de graduação e as pós-graduações. As formações são cursos mais rápidos, de cerca de 2 a 3 meses e abordam assuntos bastante específicos. As graduações são mais abrangentes, geralmente durando 3 anos e dando ao aluno tanto uma sólida formação tecnológica quanto de gestão. Por fim, nas pós-graduações, que duram em média um ano e meio, os alunos estudam temas de mais alto nível, tipicamente de gestão tecnológica ou mesmo executiva.
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